VOCÊ PODE GOSTAR

Fé e educação

*Por Meire Furtado

A realidade poderia ser outra no Morro Dona Marta, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Até a década de 90, a comunidade, localizada em uma das regiões mais ricas da cidade, foi uma das mais violentas do município. Em 2008, o Dona Marta recebeu a primeira Unidade de Polícia Pacificadora do Rio de Janeiro (UPP), porém, a semente de paz na região, conhecida pelo domínio do tráfico de drogas, já havia sido plantada.

Em meados do ano 90, a missionária Edméia Willians deu início a um trabalho de evangelização de crianças conhecido como Casa de Maria e Marta, projeto social que oferece suporte físico, material e espiritual a crianças e adolescentes que estudam até o 5º ano do Ensino Fundamental. Com o auxílio de outras frentes cristãs, Edméia Williams cooperou para a transformação da comunidade que, segundo levantamento oficial, é formada por 83% de evangélicos.

Edméia escolheu o Morro Dona Marta para realizar esse trabalho devido à proximidade de sua igreja. No início, ela se reunia com as crianças em uma praça localizada na Rua São Clemente, na entrada da comunidade. O trabalho no morro começou em um “pequeno barraco”, como diz Edméia. Com o tempo, a missionária adquiriu outros imóveis ao redor.

Há cinco anos, a Associação Vitória em Cristo apoia financeiramente a Casa de Maria e Marta. Antes dessa parceria, o sustento do projeto vinha de ofertas que a missionária recebia nas igrejas onde pregava. Os recursos da Associação Vitória em Cristo proporcionaram novas perspectivas para o trabalho. “A Avec é o único apoio fixo que nós temos, e essa parceria nos trouxe fôlego. É de Deus. Juntos, continuaremos difundindo o evangelho na comunidade e nos aproximando das famílias através das crianças”, ressalta Edméia. A instituição passará por reformas ainda este ano. Estão previstas a abertura de saídas de emergência, para garantir a segurança das crianças, e a troca do piso, que já está gasto pelo tempo.

A transformação 

Geralmente, as crianças frequentam creches até os 5 anos. Após esse período, devido à necessidade das mães de trabalhar fora, muitas vezes, a solução é deixar os filhos sozinhos em casa. “Sem uma estrutura familiar concreta e passando tanto tempo sozinhas, muitas crianças se envolveram com o tráfico e a marginalidade antes mesmo de completarem 10 anos. Por isso, comecei a ensiná-las e a oferecer o apoio material e espiritual que elas necessitam. Muitas só se alimentam quando estão aqui”, revela a missionária.

Mas o investimento produzia frutos espirituais incontáveis. “Era visível a mudança no comportamento das crianças que se convertiam. Elas passaram a frequentar as igrejas da localidade, e muitas se apresentavam nos cultos cantando os louvores que aprendiam aqui. Segundo Edméia, foi assim que o número de bandidos foi diminuindo no morro, o número de evangélicos foi crescendo e a Palavra de Deus foi envolvendo a comunidade local.

Edméia se emociona quando encontra um ex-aluno. “Muitos possuem formação profissional, outros são pastores e evangelistas. Essas histórias de sucesso me emocionam, principalmente quando encontro um pastor que conheceu Jesus aqui na Casa de Maria e Marta”.

Wallace Pereira, ex-aluno da Casa de Maria e Marta, retornou ao projeto como professor de informática. “Aprendi a ser quem sou na Casa de Maria e Marta. Hoje, minha filha também estuda aqui”, conta.


Influência positiva

Casa de Maria e Marta oferece às crianças reforço escolar, aulas de informática e de música, de segunda a sexta-feira, mas o foco principal é a educação religiosa. No segundo semestre, os alunos têm aulas de dança. O projeto também oferece três refeições diárias, tudo preparado na cozinha da instituição. “Fazemos o nosso próprio pão para reduzir os gastos, dessa forma podemos investir em outros alimentos para reforçar o almoço”, conta a cozinheira Heloísa do Carmo.

Em mais de 20 anos de trabalho, a Casa de Maria e Marta já atendeu a mais de duas mil crianças. “Muitas vêm de famílias desestruturadas, mas, aqui, recebem amor, carinho, atenção e são acompanhadas nos trabalhos que trazem da escola”, explica a professora Patrícia Pereira, uma das coordenadoras do projeto. As crianças também participam de atividades culturais, aprendem novos vocabulários e tarefas básicas do dia a dia. “Além das atividades rotineiras, nós as levamos a eventos culturais, apresentando um mundo diferente para elas”, revela a educadora.

Casa de Maria e Marta conta hoje com quatro funcionários fixos, com registro em carteira profissional. Os professores de música e de dança são contratados como autônomos. Todos são moradores da comunidade. “Tem que ser daqui, pois os professores têm que amar as crianças. Tentei trazer colaboradores de fora, mas não deu certo”, revela Edméia. 
Share on Google Plus

Sobre Reginaldo Paiva

Fique por dentro de tudo o que acontece no meio cristão. Acesse O Evangelista! O seu portal de notícias, músicas, vídeos, pregações e muito mais.
    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários:

Postar um comentário

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial