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Kléber Lucas diz no Encontro que ninguém precisa “crer igual”

Discurso do programa é que Deus criou todas as religiões


“Todas as religiões são muito parecidas, o que as diferencia é a prática” e “Deus criou todas as religiões”, estas foram as principais mensagens do programa Encontro, apresentado por Fátima Bernardes na manhã desta terça-feira (5).

Entre os convidados estavam Érico Brás, ator da Globo; Kenia Maria, adepta de religião afro e ativista; Ana Vilela, cantora que se declara agnóstica – embora não parecia saber bem o que isso significa, o artista plástico Vik Muniz, além do pastor e cantor gospel Kléber Lucas.

No início foram exibidas imagens de seguidores de várias linhas religiosas explicando aquilo que eles creem sobre a vida e a morte. Um umbandista, uma espírita, uma católica e um budista resumiram sua fé em poucas frases. Por causa da edição do programa, a impressão final é de que todos falavam sobre (quase) a mesma coisa.

Vestindo uma camiseta com os símbolos de várias religiões, abaixo, em letras garrafais a palavra “Respeito”, o pastor não falou sobre o aspecto único do evangelho entre os sistemas religiosos nem mencionou o nome de Jesus durante o programa.

O tom do Encontro foi dado por declarações como a do neurocirurgião Fernando Gomes Pinto, que costuma participar do programa. Ele defendeu que todas as religiões “abrem um canal” com Deus para que “a energia floresça”.

Para a Kenia Maria, os negros – por questões históricas que remetem à escravatura – têm algum tipo de dívida com as religiões de matriz africana e quem não deseja conhecer é “racista” e preconceituoso”.

Surpreendeu ver Kléber Lucas chamando a candomblecista Kenia de “irmã” enquanto criticava a “bandeira de ódio” levantada por grupos protestantes contra os adeptos de religiões afro.  Ainda que a intolerância religiosa seja uma lamentável realidade em todo o mundo, para o telespectador desavisado fica a impressão que as únicas vítimas são os fiéis de religião de matriz africana.

“Deus foi tão sábio e seus filhos tão diversos que, se ele fizesse uma religião só, não atenderia a todos”, filosofou Fátima. Nenhum dos convidados discordou.

Em seguida, Kléber acrescentou, enigmático: “Falar da intolerância é colocar Deus dentro de uma caixinha ou de uma gaiola”. Externou ainda que sua teologia é muito influenciada pelo humanismo. “Eu gosto da fala do Rubem Alves que dizia: a teologia não é uma rede que a gente tece para pescar Deus, por que Deus não pode ser pescado. A gente pesca a nós mesmos”, enfatizou.

O cantor contou ainda que, na infância, sua família que era evangélica foi muito ajudada por uma vizinha mãe de santo, sem que a religião fosse um empecilho para a solidariedade.

Como em várias edições do programa, o bloco seguinte foi sobre um tópico não relacionado. Usando uma conhecida tática de doutrinação, as ideias apresentadas apenas reforçavam – de modo indireto – o que havia sido dito antes.

O tema eram as ilusões de ótica e o processo de percepção da realidade pelo cérebro. Através de imagens e pequenos filmes, o telespectador foi convencido que a realidade pode não ser o que se vê. Ou seja, tudo é uma questão de perspectiva.

Em outras palavras, fiel ao discurso de Fátima: só existe um Deus, o que muda é a maneira como você olha para ele.

por Jarbas Aragão
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Sobre Fábio Leite

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