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Líderes evangélicos querem que Brasil transfira embaixada em Israel para Jerusalém

Deputados e pastores fazem campanha para que Temer siga proposta de Trump



No primeiro semestre do ano, enquanto a ideia de mudar a embaixada para Jerusalém era só uma promessa do presidente Donald Trump, alguns parlamentares brasileiros já haviam se posicionado em favor de Israel.

O governo Temer vem votando seguidamente na ONU contra Israel, incluindo apoiando resoluções da UNESCO que desvinculavam os judeus da cidade fundada pelo rei Davi há mais de 3 mil anos. O deputado federal Ezequiel Teixeira (Podemos/RJ) foi um dos primeiros manifestar sua contrariedade.
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“Isso não reflete a opinião do povo brasileiro. Nós somos amigos do povo de Israel e essa é a posição de um grupo político. Nós, brasileiros, amamos Israel e o povo de Israel. Como cristãos, abençoamos aquela nação”, declarou o deputado, que também é fundador e líder da igreja Projeto Vida Nova no Rio de Janeiro.

Na mesma época, o deputado Victório Galli (PSC/MT) tomou uma iniciativa inédita e pediu no plenário da Câmara: “Mudemos a embaixada para Jerusalém e paremos de tentar deslegitimar o Estado de Israel e sua capital… é hora de voltarmos a dar exemplo ao mundo”.

Ontem, (6) Galli se mostrou atento ao pedido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que convidou outros países a mudarem suas embaixadas. Aplaudido pelos colegas, pediu a Temer que reconheça Jerusalém e também faça a mudança.

Como este é um assunto em evidência no momento, a BBC explorou a questão mostrando o desconhecimento da grande mídia sobre o que realmente acontece em Israel por trás da “cortina de fumaça” persistentemente lançada pela ONU.

Um dos que se manifestou foi Jony Marcos (PRB/SE), que preside o Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Israel. Apesar de contar, segundo a BBC, com um grupo de “amigos” de Israel totalizando 46 deputados e senadores, nenhuma mudança significativa nas relações diplomáticas entre os dois países é perceptível. O caso mais emblemático foi o imbróglio criado quando a ex-presidente Dilma Rousseff rejeitou a nomeação de Dani Dayan e ficamos sem embaixador de Israel no Brasil por cerca de dois anos.

Jony Marcos, que é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, afirma que após o recesso parlamentar, no início do próximo ano, pretende mobilizar integrantes do grupo para uma reunião no Itamaraty. O objetivo seria pressionar o governo Temer a seguir os passos da administração Trump.

Isso é algo bastante improvável uma vez que nem as resoluções da UNESCO, que seguem a cartilha política dos islâmicos, foram revertidas até o momento.

Na verdade, a reação política foi anódina quando o governo do Partido dos Trabalhadores doou dinheiro de impostos para o grupo terrorista palestino Hamas, optou pelo reconhecimento da Palestina como nação independente, e cedeu terreno para a construção de sua embaixada em Brasília – a única do tipo fora do Oriente Médio na época.

O governo brasileiro mudou de partido, mas não mudou de posição. Tanto o atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, quanto seu antecessor, José Serra, mantiveram a posição de subserviência a pautas de Cuba e Venezuela, defensoras de resoluções sobre questões de direitos humanos em Israel, mas não olharam para seu próprio quintal.

Mas o posicionamento de Trump já coleciona adeptos. Filipinas e República Checa acompanharam a decisão dos americanos e também reconheceram Jerusalém como capital, abrindo negociações para a mudança da embaixada.

No site do Itamaraty não há sequer uma nota para esclarecer a posição do Brasil.

Enquanto isso, a Frente Parlamentar Evangélica, um dos blocos mais importantes dentro da Câmara dos Deputados, se posicionou. Em uma nota assinada pelo seu presidente, Deputado Pastor Takayama (PSC/PR), declarou: “Nós, como Frente Cristã, apoiamos Israel. Todo cristão tem a Bíblia como referência. No capítulo 3 de Gênesis diz que o povo que abençoar Abraão/Israel será um povo abençoado. Abraão é pai dos judeus e dos árabes. É uma questão milenar. Entendemos que isso seja muito importante para Israel e para os cristãos. Todavia, o mecanismo utilizado para o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel não foi devidamente entendido. Mas acreditamos que possa ser o início de um entendimento entre as partes”.
Pastora quer um milhão de assinaturas

Antiga defensora de Israel junto às lideranças eclesiásticas e políticas, a pastora Jane Silva, que preside a Comunidade Internacional Brasil-Israel, está confiante. “Donald Trump está sendo um semeador da verdade”, afirmou.

Ela pretende recolher um milhão de assinaturas na tentativa de pressionar o governo brasileiro a mudar sua postura em relação a Israel. Já planeja a entrega do documento, junto com 3 mil pessoas em um grande evento em Brasília em fevereiro.

Conhecida por seu posicionamento ferrenho, ela liderou em setembro uma comitiva que contava com sete parlamentares, além de figuras de mídia como Joice Hasselmann e Bia Kicis.  Eles foram a Jerusalém para um encontro no  Ministério das Relações Exteriores de Israel. O objetivo era pedir perdão às autoridades israelenses pela postura do Brasil em votações na UNESCO e na ONU, que rompiam com a tradição de amizade entre os dois países.

No mês seguinte ela esteve em Nova York para um encontro com o diplomata israelense Dani Dayan, pedir perdão ao cônsul em nome dos cristãos brasileiros pela rejeição que ele sofreu do governo de Dilma Rousseff. Ela considera este tipo de gesto algo “profético”.

“O que o governo brasileiro está fazendo (ao apoiar resoluções contra Israel) é rasgar a nossa Bíblia, rasgar a nossa fé. O Brasil vota que Jerusalém não tem a ver com o povo judeu, com Israel. Se Jesus não é homem judeu, não tem a ver com o povo judeu, o Brasil está tentado desmontar a fé no cristianismo”, explica a pastora.

Para ela, o reconhecimento iniciado por Trump é importante porque, “acima de tudo, reconhece uma verdade factual. Que Jerusalém tem sido a capital de Israel desde 1948, e não 1967 como alegam os palestinos”.

Falando ao Gospel Prime, ela enfatiza: “Israel, como qualquer outro país tem o direito de escolher sua capital. Imagine, por exemplo, que a comunidade internacional decida que Brasília não é o local ideal e decidirem que deveria ser o Rio de Janeiro ou Manaus?”.

A pastora não tem dúvida que esta é uma questão sobretudo religiosa. Embora para os muçulmanos seja um local sagrado, isso é uma questão bastante controversa. “Maomé nunca saiu da Arábia, nunca esteve em Jerusalém e a cidade sequer é mencionada no Alcorão. As mesquitas que estão no Monte do Templo foram construída cerca de 75 anos após a morte dele”, lembra.

por Jarbas Aragão

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